I'M OK...

Me causa revolta, o medo que tenho de tudo!
Tudo, tudo, tudo, é uma certeza de que vai dar errado...
E as pessoas olham pra mim como se eu fosse de aço, como se suportasse tudo numa boa... Rs, minha família pensa isso de mim, e acho que o que me sobrou de amigos...
Quando digo " lute pelo que você quer ", é só uma forma de dizer, em outras palavras, que eu não quero que mais ninguém sofra por ser frouxo, como eu! Nem sempre, quando a pessoa parece a mais sábia em suas palavras, ela realmente fala por que já aprendeu... Às vezes fala pra ver se aprende...
E o pior de parecer forte pra todo mundo, é que quando você mostra o quão pode ser frágil e quebrável, as pessoas se revoltam contra você, como se não fosse um direito seu chorar, caralho!
Não dá pra ser mãezona o tempo todo, e com dois seios, não dá pra dar de mamar pra todo mundo! Eu também preciso de colo, eu também preciso de palavras, de atenção, de amizade! Eu não tenho isso, e quando não estou bem, também não tenho esse direito!
Eu sei que muito do que eu não sou faz parte da falta da educação que tive... Nasci de pais que fizeram quatro filhos dentro de um barraco numa favela... Não passava na cabeça de ambos que estavam colocando no mundo seres humanos, vindos de outras eras, com todo tipo de dificuldade moral, ética, espiritual, energética, enfim... Alguém pra se fazer gente! Não passou pela cabeça deles, e não passa pela maioria das pessoas que fazem filhos! Meu Deus, só eu sei os monstros internos que tenho que enfrentar, diante de uma dificuldade aparentemente besta, mas que um " você consegue " ajudaria!
Ok, amei chegar à conclusão de que escolhi os dois para somar células e me formar, justamente porque vindo através deles, eu ia ter que andar com as próprias pernas, pois não teria apoio algum! Meu pai durou dez anos de minha vida, e minha mãe é viva, até hoje, mas à ela obrigação de mãe é dar o que comer e se preocupar com saúde e escola...
Eu sou adulta, eu sou mulher, e ainda me sinto uma criança, perdida num mundo cheio de monstros, perdida num caminho sem volta, e sem ninguém...
Não é só o ninguém presença física, não há ninguém que seja como eu! O que quero dizer, é que não há quem me entenda! As pessoas se resumem em : Mulheres - casar e ter filhos, Homens - Beber, assistir futebol, trair... Ou seja, qualquer coisa que fuja ao padrão que à mim é limitado, para a sociedade é anormal! Eu sou anormal porque amo o meu gato, rsrs...
Para conversar numa boa com as pessoas, muitas vezes tenho que diminuir meu modo de expressar, meu conhecimento, e parecer titiquinha, bem " normalzinha ", pra ser aceita! E isso é uma eterna adolescência! Tá, as pessoas preferem filmes dublados, e eu sou anormal por preferir legendados?
As pessoas são todas casadas, e casamento pra mim é fracasso, e eu tenho que contaminá-las, ou seja, as pessoas tem também que me encher o saco com essa história de ter que levar uma vida igual a delas? Não é uma vida admirável, pra quê vou copiar? Vim de um casamento de fracasso, que foram meus pais, e o que faz eu acreditar que sou melhor que eles e que minha vida de casada será superior à deles? Já falei que acredito em Amor, não em casamentos, que pra mim é como um best-seller... Partido do princípio de que todo mundo adere à idéia, é um sinal de que as pessoas fazem de embalo, não de coração!
Eu sei que eu pago um preço por ser eu, e preferir ser eu, independente se vou morrer sozinha ou não... Na minha idade, o certo era ter três filhos, e estar num casamento falido, com uma frustração do caralho, fofocando sobre a vida de todas as minhas amigas, e claro, achar que alguém como eu é uma lepra na sociedade!
Acho que " normal " pra mim é um palavrão, e verdadeiramente me ofenderia...
Eu sei que, ainda sou covarde, pra muita coisa, e se ainda não tenho tudo o que quero, ou não conquistei, é porque talvez eu não saiba realmente o que quero... Não tenho perspectivas, não tenho planos à longo prazo... Talvez, uma pizza no final de semana, mas nada que prolongue muito o calendário... Descobri que não posso fazer planos, pois em sua maioria, não acontecem! Não sei do meu futuro, e pra ser bem sincera, não faço mesmo a menor idéia... Sei que, baseada no meu passado, ainda vou chorar bastante, e ainda vou querer me matar... As coisas ainda vão ficar bem feias, sem que eu contasse com isso... Vou sorrir sim, lógico, e não sei por quanto tempo... O que eu mais temia, durante minha adolescência, era morrer, sem saber o que era o Amor, e agora, com o dobro da idade, meu medo é conhecer o Amor, e isso atrapalhar minha liberdade... Me sinto muito bem sendo livre, de verdade, e sexo não tem lá tanta importância assim pra mim... (Em nome dele fiz atrocidades no passado...)
Talvez eu tenha pouco tempo, eu nao sei, e talvez eu tenha mais uns sessenta anos... Mas, queria sentir, de verdade, a coragem pulsar em minhas veias, para poder compartilhar com propriedade sobre ela...
Às vezes, me pego pensando que eu poderia mesmo ser uma mãe de família, e não ter as pretensões que tenho, e não fazer questão da minha individualidade, e meu marido passar o domingo inteiro no bar, e eu me contentar com essa bosta de vida... Juro por Deus, que às vezes queria ser assim... Talvez eu seja arrogante demais, prepotente demais, ambiciosa demais...
Quando viajo, e é sempre sozinha, encontro umas solteironas, com seus sessenta anos de idade, que passou a vida toda sozinhas, não fizeram família, não tiveram filhos... E me vejo nelas!
Ainda sou uma criança para casamento e filhos... Não estou preparada para educar um ser humano! Não estou preparada para deixar de viver a oportunidade de um feliz romance, mesmo que dure quase nada, e viver um casamento de trinta anos, entediante, sem emoções!
Queria muito acreditar que as pessoas são felizes, mas eu sei que não são! Eu, com toda minha liberdade, com toda minha independência, não sou feliz, imaginem outros aí... Não que seja extinta! Calma lá, existe sim... Não que eu conheça pessoalmente, mas deve existir vai... Não percamos a fé!
Sei que os filmes e livros tocam muito mais meu peito do que as vidas que acompanho...
Aliás, duas horas de filme consegue me fazer mais feliz do que alguns anos de vida! Acho que a realidade é absolutamente cinza e sem graça! Quem determinou que o asfalto tinha que ficar cinza? Porque não vermelho?
Sei que tenho planos para o próximo ano, graças à Will Traynor ( " Como Eu Era Antes De Você " - Jojo Moyes ) , e que vão me fazer perder o medo de muita coisa!
Vamos ver!!!

Outubro, dia 26.

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